Dimensões político-imaginárias da atuação dos públicos – REFERENCIAIS TEÓRICOS

1. O público dos museus de arte na Europa [Pierre Bourdieu &

Alain Darbel. L’amour de l’art, originalmente publicado em 1966-

69];

2. Uma história das reações [David Freedberg. The power of

images, 1989]

3. A produção dos consumidores [Michel de Certeau. A invenção

do cotidiano, 1990];

4. Contranarrativas [Henry Giroux et al. Counternarratives,1996]

5. Rejeições à arte contemporânea [Nathalie Heinich. L’art

contemporain exposés aux rejets, 1997];

6. Os contrapúblicos [Michael Warner. Publics and counterpublics,

2002];

7. As reapropriações dos visitantes [Ligia Dabul. O público em

público, 2005];

8. Práticas culturais emergentes em meio às juventudes urbanas e

interconectadas [Néstor G. Canclini et al. Jóvenes, culturas

urbanas y redes digitales, 2012];

9. As práticas dos visitantes [Andrew Dewdney et al. Post-critical

museology, 2012];

10. O lugar do público [Jacqueline Eidelman et al. O lugar do

público, 2014].

Embora derive de pesquisas no terreno da mediação cultural – particularmente,

entre as artes e a educação –, a pesquisa que propomos realizar – e que, nesta

etapa, assume a necessidade de revisar algumas referências bibliográficas1 –, de

certo modo, inscreve-se naquilo que a Museologia, entre outras áreas, chama de

Estudos de Público (Visitor Studies). Nesse terreno, os públicos têm sido

identificados, invariavelmente, a uma espécie de suporte – alegadamente

beneficiário – das ações institucionais. Isso significa que eles existem, para a

instituição, segundo categorias e espaços de atuação por ela outorgados (inclusão,

participação, etc.), a partir do que ela concede (ou nega). Na medida em que

assimila, para sua própria afirmação, o externo ao interno, o imprevisto ao

controlado, o estranho ao conhecido, etc., esse habitus (metanarrativo) – que

informa discursos e práticas institucionais – implica uma vontade de

autoconservação e autorreprodução, que as instituições em geral têm dificuldade

para (ou deliberadamente não querem) relativizar, muito menos questionar.2 Ao

mesmo tempo, os públicos naquele terreno têm sido considerados como uma

empiria, isto é, como algo existente a priori (pessoas, estudantes, famílias, etc.),

anteriormente à instituição. Mas o entendimento de que eles existiriam a priori e,

simultaneamente, da forma postulada pelos discursos institucionais, indicia

contradições que, talvez, ainda não foram suficientemente desdobradas.

Certamente, tais contradições (algo dialéticas) têm sido úteis à autoconservação das

instituições. Elas precisam conceber os públicos como existentes a priori, isto é,

independentemente da instituição, para que a atuação dos públicos, supostamente

autodecidida, confunda-se com aquilo que existe a partir da instituição, do que ela

postula ou projeta. Para ganhar adeptos e se reproduzir, ela não poderia

simplesmente afirmar seus interesses particulares – inclusive porque, muitas vezes,

é substancialmente subvencionada por recursos públicos. Desse modo, ela precisa

confundir seus interesses particulares com interesses públicos ou sociais. Mais do

que isso, deve tornar-se porta-bandeira destes interesses. Mas isso não significa,

necessariamente, transformar seus próprios interesses em interesses públicos e

sim, apresentá-los como tal. É o que, de forma mais clara, fazem as empresas,

quando afirmam gerar empregos. Os públicos, portanto, do ponto de vista da

instituição, ocupam um lugar decisivo nessa operação. Eles são o lastro da sua

credibilidade pública. Sendo assim, aquela contradição não pode se explicitar. A

diferença entre um público pré-concebido e um público empírico deve ser

minimizada. Do mesmo modo, isso não significa, necessariamente, ampliar as

concepções de públicos e sim, ampliar as parcelas da população que serão

reduzidas às concepções de públicos previamente determinadas.3 Noutros termos,

uma certa reciprocidade (postiça) entre essas instâncias deve prevalecer. Afinal, é

dessa reciprocidade que as instituições obtém sua (falsa) legitimidade.

Em suma, tal contradição desreconhece a capacidade de os públicos se autoorganizarem,

seu caráter de alteridade heterogênea, sua irredutibilidade a

categorias prévias (institucionais), etc. Há, porém, um problema talvez mais

intrincado: Por que as instituições não se prestam a representar interesses

decisivamente públicos? É possível concebermos (e compartilharmos) outras

ambições, para além de uma vontade de poder? Antes disso, o que são interesses

públicos? Certamente, as respostas para essas questões, “acima dos interesses de

grupo”, são cada vez menos coesas. Tal situação está associada a pelo menos dois

outros fenômenos: a multiplicação das contranarrativas (Giroux et. al, 1996) e o

esgarçamento do tecido social – fenômenos que, em termos políticos, num primeiro

momento se opõem, ao mesmo tempo em que se reforçam. Nesse contexto, as

minorias e o pluralismo ganham espaço, assim como as xenofobias e o

conservadorismo. Neste ponto, os problemas relativos às instituições culturais nos

parecem análogos aos problemas das instituições políticas, em sua crise de

representatividade. Particularmente no Brasil, é flagrante neste momento o empenho

autopreservacionista de um sistema político retrógrado, sobre o qual pesa uma

descrença e desconfiança generalizadas.4 Cabe salientar que a ruptura democrática

que vivemos,5 com a consumação de um golpe parlamentar – que cassou o

mandato de uma presidenta eleita, forjando politicamente os crimes de

responsabilidade que ela teria cometido6 –, não decorre de um levante

extrainstitucional. Ao contrário, nesse contexto, a participação popular e as

demandas sociais estão sendo cada vez mais cerceadas e perseguidas.7

Mas o que se passa nas instituições culturais é, talvez, menos evidente. Nos últimos

anos, algumas instituições brasileiras – é o caso, notadamente, do Itaú Cultural,

ligado a um dos maiores bancos privados do país, e do Sesc São Paulo, ligado às

entidades patronais do comércio – têm demonstrado um crescente interesse pelos

Estudos de Públicos, por meio da realização de publicações, seminários e pesquisas

a respeito dessa questão.8 As pesquisas, de um modo geral, declaram um interesse

por delinear o perfil dos novos consumidores culturais; por compreender o uso que

fazem do tempo livre; seus hábitos, comportamentos e práticas. Todavia, remetem

suas produções a categorias tradicionais de arte e cultura (cinema, exposições,

literatura, música, teatro, etc.), ignorando uma diversidade de manifestações

expressivas – escrachos, gifs, hashtags, memes, ocupações, rolezinhos, saraus,

transições de gênero, vlogs, etc. –, que talvez fossem mais significativas das

dinâmicas culturais emergentes. Segundo Bourdieu (2002), as problemáticas que se

impõem às pesquisas de opinão estão “profundamente ligadas à conjuntura e

dominadas por um certo tipo de demanda social”. Mas qual será a demanda desta

vez?

Nossa hipótese deve ser melhor investigada, mas o interesse dessas pesquisas por

delinear o perfil dos consumidores, antecipar seu comportamento e, noutro plano,

disponibilizar informações para seus clientes, “[…] para que tomem decisões

estratégicas com segurança e pleno conhecimento das áreas em que estão

investindo” (Leiva, 2014), não parece interessado em negociar com suas atuações

extrainstitucionais, eventualmente contrapúblicas. Nesse contexto, os Estudos de

Públicos parecem empenhados em, mais simplesmente, reafirmar a credibilidade

das instituições, conferindo-lhes uma nova hegemonia, em meio às dinâmicas

culturais que parecem desafiá-las. Mas por que as instituições culturais,

diferentemente das instituições políticas, não se propõem como o lugar em que os

interesses públicos são concreta e experimentalmente negociados? Tais dinâmicas

devem ser percebidas em decorrência da popularização dos meios de produção e

comunicação digitais, mas também do processo de mobilidade social experimentado

nos últimos 15 anos, que – ao menos por um tempo – permitiu uma nova posição

social, talvez uma nova “autoconfiança”, a pelo menos 30 milhões de brasileiros

(Souza, 2012). Certamente, é preciso agora considerar o impacto, nessas mesmas

dinâmicas, da crise econômica que se estabeleceu no país a partir de 2015,

justificando o corte de inúmeros programas sociais e políticas públicas.

É claro, não se deve recusar o fato de que, em certa medida, o público existe para

as ações institucionais, considerando que essa concepção perpassa o próprio

significado da palavra “público”, por exemplo, enquanto audiência. Desse modo, os

espectadores existem para o espetáculo, assim como o espetáculo – porque espera

chamar atenção – existe para o espectador. Todavia, uma significação mais

nuançada da palavra se encontra no livro Publics and counterpublics, originalmente

publicado em 2002, por Michael Warner. Nele, o público não se refere a um grupo

de pessoas compartilhando um mesmo tempo e espaço – como no caso de

“audiência”, “multidão”, etc. –, muito menos a um tipo de totalidade social – como no

caso de “povo”, “nação”, etc.–, mas a um público que “somente vem a ser em

relação aos textos e sua circulação” (Warner, 2010: 66) – um público discursivo (a

text public), cujas operações (materiais e imaginárias) não são facilmente

presumíveis. O autor considera haver sete premissas definidoras da ideia moderna

de público: (1) um público é uma instância que se auto-organiza; (2) um público é

uma relação entre desconhecidos; (3) o destinatário de um discurso público é

simultaneamente pessoal e impessoal; (4) um público é constituído meramente pela

atenção; (5) um público é o espaço social criado pela circulação reflexiva do

discurso; (6) os públicos atuam historicamente segundo a temporalidade de sua

circulação; (7) um público é a feitura de um mundo poético.

Uma primeira constatação a partir dessas premissas diz respeito ao fato de que os

públicos não coincidem com as pessoas. Isto é, os públicos não são constituídos por

pessoas, como nos leva a pensar a noção burguesa de esfera pública. Também,

como nos levam a pensar as concepões de públicos mantidas em geral pelas

instituições culturais – o que é muito perceptível na recorrente totalização dos

públicos pelas categorias “público agendado” e “público espontâneo”. Segundo

Warner (2010: 67), porém, um público é um espaço discursivo, organizado por nada

mais que o próprio discurso. “Ele existe em virtude de ser endereçado”. Portanto,

não existe a priori, uma vez que precisa ser endereçado por um discurso. Tampouco

existe de forma exclusivamente determinada pela instituição, uma vez que o

discurso se refere a uma instância imaginária de recepção que lhe é estranha. Logo,

ele existe numa certa circularidade, num espaço de circulação de referências que se

concatenam, ou melhor, que interagem entre si. Porém, diversamente daquela

contradição, que sustenta a existência dessas duas instâncias (públicos a priori e

públicos a posteriori) sob uma aparência de reciprocidade, esse um público,

segundo Warner, encontra-se marcado por uma atividade própria, na relação com a

instituição. Trata-se de uma instância performativa, constituída não pela

correspondência entre aquilo que é projetado por um discurso e sua recepção

empírica, tampouco por uma identidade prévia qualquer, mas pela atividade que lhe

é própria, em relação ao discurso que lhe é endereçado.

Além disso, aquilo a que se pertence, quando se pertece a um público, não

configura nenhuma comunidade ou grupo social em sentido estrito. Isso porque, ao

se dirigir a mim, um discurso público também se dirige a outros que não conheço, a

um destinatário indeterminado. Mais do que isso, ao se dirigir a mim, não se dirige à

minha identidade concreta, mas à minha identificação/desidentificação com aquilo a

que o discurso se dirige; à minha identificação com aquilo que não me identifica. Ao

reconhecê-lo como tal, participo de um lugar em que me desreconheço. Noutros

termos, em que me reconheço como estranho a mim mesmo. Assumo uma

disponibilidade para participar do que não é meu. Daí o caráter privado das

metanarrativas, na sua indisponibilidade para o estranho, para essa estranheza. Daí

o fato de que, embora muitas vezes se façam em nome dos públicos, as instituições

desapareçam com os públicos.

No campo dos Estudos de Públicos, o livro O amor pela arte, publicado orginalmente

em 1966-69 por Pierre Bourdieu e Alain Darbel, sobre o público dos museus de arte

na Europa (Espanha, França, Grécia, Holanda e Polônia) – mais particularmente,

sobre as condições socioculturais da frequentação aos museus, os fatores que

determinam ou favorecem essa frequentação, assim como a gênese e a estrutura da

disposição às práticas culturais –, é certamente uma referência incontornável. A

pesquisa, como se sabe, termina por demonstrar que não basta franquear a todos o

acesso aos museus, se a “necessidade cultural” da arte (isto é, a propensão para

consumir objetos de arte) não se encontra igualmente distribuída. Por conseguinte,

demonstra que tal “necessidade” é socioculturalmente construída, notadamente, por

processos educacionais (escolares e familiares, institucionalizados ou não) – em vez

de se constituir num gosto inato, facilidade ou privilégio natural –, sendo

condicionada, principalmente, pelo nível de instrução dos visitantes e,

secundariamente, pela classe social, profissão, renda, educação familiar, turismo,

ocasiões de visita, faixa etária, etc. Desse modo, a pesquisa provoca um

deslocamento, quanto ao problema da frequentação aos museus, das políticas de

difusão cultural para as condições de acesso à cultura. Sem o questionamento

dessas condições, portanto, a “necessidade cultural” se encontra limitada ao ethos

de uma classe social específica (culta e rica), como algo que lhe pertence por

privilégio. Do mesmo modo, pode parecer que as classes populares se excluem

voluntariamente; que a distribuição das “necessidades culturais” é naturalmente

desigual.

As posições de Bourdieu e Darbel são indispensáveis, enquanto persistirem os

argumentos de que a arte não se ensina,9 ou ainda, de que se deve empreender,

exclusivamente, políticas difusionistas, como se a oferta pudesse gerar a demanda,

como se o amor pela arte se formasse espontaneamente. No entanto, prevalece aí a

concepção de que os públicos são visitantes, de que existem exclusivamente para a

arte. Por certo, suas posições parecem limitadas por uma teoria da informação, que

condiciona a “legibilidade da arte” a uma “diferença entre o nível de emissão […] e o

nível de recepção” (Bourdieu & Darbel, 2007: 77). Tal distinção termina por

estabelecer uma hierarquia entre um emissor complexo, cheio de “sutilezas

intrínsecas”, e um receptor desprovido dessa linguagem. Disso decorrem alguns

preconceitos: a atribuição de um “gosto bárbaro” às classes populares (p. 73); de

uma postura de “adaptação” ou mesmo de “reverência” às classes menos cultas, em

relação a uma “prática legítima” (p. 70 e 83); a ausência do “conhecimento do estilo”

como um tipo de condenação (p. 80 e 82). De certo modo, tudo isso pretende

denunciar que os museus são templos destinados ao público culto. Mas isso

também ignora que os públicos podem rejeitar a arte (Heinich, 2010) e que isso,

mais do que uma confissão de ignorância ou inferioridade, pode ser pensado como

um tipo de contestação. Deve-se admitir, todavia, que, em algum momento, os

autores reconhecem certas atuações dos visitantes, particularmente, dos visitantes

das classes populares: eles podem entrar no museu para, simplesmente, passar o

tempo (p. 50); eles “tocam em tudo, sentam-se nas poltronas, levantam as

almofadas dos canapés, abaixam-se para olhar debaixo das mesas” (p. 85-86); eles

“estão bem posicionados para saber que o amor pela arte nasce de um convívio

bem prolongado e não de um golpe repentino” (p. 90).

Curiosamente, é o termo “visitante” que nos permite reconhecer atuações

aparentemente alheias ao discurso institucional. Na tese de doutoramento que

concluiu em 2005, intitulada O público em público, Ligia Dabul se propõe a investigar

não as formas de recepção, mas as práticas e interações efetuadas pelos públicos

ao longo das exposições (p. 29); o que o público faz e experimenta no tempo e

espaço das exposições (p. 37); a maneira por meio da qual os visitantes dirigem sua

atenção, ou deixam de dirigi-la, para as obras expostas e, mais do que isso, as

variações no vetor que atualiza essa sua atenção (p. 61); como os indivíduos

interagem entre eles, e não, cada um deles, com as obras (p. 113); enfocando assim

os atores sociais que não são autores nem transmissores ou “responsáveis” pelo

texto ou discurso produzido (p. 165-166). Para Dabul, a concepção negativa da

“recepção” mascara o verdadeiro processo de reapropriação e recriação embutido,

de algum modo, nas discussões sobre as diferentes experiências de “recepção” (p.

96). Desse modo, os visitantes passam a ser concebidos como artesãos das suas

interações e da maneira de observar as obras em exposição (p. 70); como

produtores ativos de significados a respeito das exposições que freqüentam (p. 99-

100).

Dabul observa inúmeras reapropriações desses espaços por parte dos visitantes:

brincadeiras (p. 163); algazarra (p. 51); o movimento de lá pra cá dentro do ônibus

(p. 202); palavrões e desenhos obcenos, cuidadosamente encobertos com liquid

paper (p. 76); afastamento dos monitores (p. 173); a dispersão ou a distração, não

como um vazio de atividade, mas como mudança de foco (p. 141-156); conversas,

no sentido de uma passagem de atenção das obras para a própria interação entre

os visitantes (p. 211 e 216), etc. – uma série de atos sêmicos não voltados

exclusivamente para a recepção das obras (p. 90); disposições para a comunicação

e a interpretação que não se resumem ao que os objetos expostos, e ao que os

textos e discursos legitimados a seu respeito, sucitam diretamente (p. 183). Sem

dúvida, tal abordagem assume um deslocamento da sociologia para a etnografia. Ao

mesmo tempo, pode-se pensar que parte dessas reapropriações seriam

manifestadas, justamente, pelas classes populares (ou trabalhadoras) que, talvez,

não mais reverenciassem o museu, se delas é ausente uma vontade por distinção

social (Souza, 2012: 54-55). Nesse sentido, a pesquisa que propomos realizar se

compromete com uma dimensão político-imaginária da atuação das classes

populares, periféricas ou marginais nesses espaços. Outro aspecto a ser

considerado diz respeito às consquências daquele deslocamento para a mediação

cultural, em sua vertente educativa. Se, em seu ímpeto educacional, a mediação

termina fechando os olhos para as reapropriações dos visitantes, talvez o caso não

fosse “estudar os públicos” para educá-los e sim, “aprender com os públicos” para

transformar as próprias instituições e o modo como nos reconhecemos por meio

delas.

[…]

1 São elas: (1) Pierre Bourdieu & Alain Darbel. L’amour de l’art, publicado originalmente em 1966-69;

(2) David Freedberg. The power of images, 1989; (3) Michel de Certeau. A invenção do cotidiano, 1990;

(4) Henry Giroux et al. Counternarratives,1996; (5) Nathalie Heinich. L’art contemporain exposés aux

rejets, 1997; (6) Michael Warner. Publics and counterpublics, 2002; (7) Ligia Dabul. O público em

público, 2005; (8) Néstor G. Canclini et al. Jóvenes, culturas urbanas y redes digitales, 2012; (9)

Andrew Dewdney et al. Post-critical museology, 2012; (10) Jacqueline Eidelman et al. O lugar do

público, 2014.

2 Uma renomada instituição de arte paulistana, por exemplo, apresenta os catálogos do programa que

desenvolve com as populações vulneráveis que frequentam seu entorno, sem perceber que tais

catálogos, mais do que uma documentação do trabalho daquelas pessoas, documentam na verdade as

ações da instituição em relação a tais pessoas.

3 Eis a posição atribuída por Bourdieu (O amor pela arte, p. 18) a um partidário da ideologia

carismática: “[…] ele pretendia acolher uma multidão tão grande quanto possível, contanto que fosse

evitada a desordem – assim tinha necessidade de uma igreja mais espaçosa”.

4 Segundo pesquisa publicada em 2016 <http:>, o brasileiro é o povo que menos confia

em seus políticos entre as grandes economias do mundo. Em 2015, uma pesquisa realizada no Brasil

mostrou uma queda vertiginosa, em comparação a anos anteriores, da confiança nas instituições

políticas <http:>.

5 Seria preciso repassar um debate relativamente extenso para esclarecer as diferentes posições que

se reforçam ou se contestam quanto ao tema. Registramos aqui apenas uma dessas posições:

<http:>.

6 Ainda que a própria presidenta, em certo sentido, tenha cometido um “golpe” <http:>,

na medida em que a acusação de “estelionato eleitoral” <http:> tem, certamente,

alguma procedência. Obviamente, uma coisa não justifica a outra.

7 Veja-se por exemplo a intimidação a que têm sido submetidos os secundaristas que participaram do

movimento de ocupação das escolas públicas em 2015-16 <http:>.

8 Em meados de 2011, o Itaú Cultural dedica o número 12 de sua Revista Observatório, sob a

coordenação editorial de Isaura Botelho, para refletir sobre o consumo cultural e os públicos da cultura

– o que, segundo a instituição, tornou-se imprescindível para a “formulação de políticas de fruição e

democratização dos bens culturais”. Depois disso, em 2014, a mesma instituição, em parceria com a

editora Iluminuras, publica o livro “O lugar do público”, organizado por Jacqueline Eidelman, Mélanie

Roustan e Bernardette Goldstein, pesquisadoras no campo da museologia na França. Entre os dias 12

e 14 de novembro de 2013, o Sesc São Paulo realizou o Encontro Internacional Públicos da Cultura,

que reuniu pesquisadores, professores universitários, gestores e representantes de instituições

culturais, procedentes de oito países dos continentes americano e europeu, para refletir sobre a mesma

temática. Também em 2013-14, juntamente com a Fundação Perseu Abramo, o Sesc SP realizou uma

pesquisa com o mesmo título: Públicos da Cultura.

9 Ver artigo de Sheila Leirner, publicado em 23/08/16, no Jornal O Estado de São Paulo

<http:>.

Referências

BOURDIEU, Pierre. L’opinion publique n’existe pas. Em: ___. Questions de

sociologie. Paris: Minuit, 2002, pp. 222-235.

BOURDIEU, Pierre &amp; DARBEL, Alain. O amor pela arte: os museus de arte da

Europa e seu público; tradução de Guilherme João de Freitas Teixeira. 2a ed. São

Paulo: EDUSP; Porto Alegre: Zouk, 2007.

DABUL, Lígia. O público em público: práticas e interações sociais em exposições de

artes plásticas. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2005. [Tese de

doutorado]

GIROUX, Henry et al. Counternarratives: Cultural Studies and Critical Pedagogies in

Postmodern Spaces. New York; London: Routledge, 1996.

HEINICH, Nathalie. L’art contemporain exposé aux rejets: études de cas. Paris:

Pluriel, 2010.

LEIVA, João (org.). Cultura SP: hábitos culturais dos paulistas. São Paulo: Tuva,

2014.

SOUZA, Jessé. Os batalhadores brasileiros: nova classe média ou nova classe

trabalhadora? 2. ed. rev. e ampl. Belo Horizonte: Ed. da UFMG, 2012.

WARNER, Michael. Publics and counterpublics. Brooklyn, NY: Zone Books, 2010.

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